sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Indo para a Suíça e levando animais de estimação


Eu tenho um cachorro de pequeno porte e um gato de estimação. Para trazê-los para a Suíça, foi preciso seguir alguns procedimentos de importação. Esses procedimentos são detalhados e com prazos bastante rigorosos. Por isso, deve-se ter muita atenção, sob pena de não conseguir embarcar seus animais.
Primeiro, os animais devem estar com a vacina anti-rábica em dia, saudáveis e devem ser microchipados, para identificação.

Feito isso, deve ser colhida sorologia anti-rábica (é um exame de sangue que detecta se o animal possui as defesas imunológicas contra a raiva). O resultado desse exame deve ser emitido por um laboratório reconhecido pela  União Européia - UE (apesar da Suíça não fazer parte da UE, ela segue os mesmos padrões para importação de animais). No meu caso, o sangue foi colhido com a própria veterinária dos animais e ela mesma enviou o material ao Laboratório Pasteur em São Paulo. O resultado fica pronto em 20 dias, em média.
Se o resultado do exame estiver de acordo com o recomendado pela UE, os animais devem esperar 90 dias a partir da data da COLETA do exame para estarem aptos a embarcar.
Além disso, para entrada do animal na Suíça, é necessário que eles tenham um certificado do FVO (Federal Veterinary Office). Para isso, é preciso enviar os documentos dos animais (certificado da microchipagem, carteira de vacinação, resultado da sorologia anti-rábica e atestado de saúde) ao FVO 3 semanas antes do embarque.
A boa notícia é que a Suíça não exige quarentena, ou seja, assim que seus animais desembarcarem, eles já poderão ir para casa!

A Suíça não permite a importação de animais com orelhas ou rabos cortados.
Por conta dos prazos e dos detalhes, eu acabei contratando uma empresa especializada em transporte internacional de animais. Há várias no Brasil. O serviço não é barato, mas vale a pena.
Para o vôo, devemos ainda seguir as exigências da Cia. Aérea. Dependendo do tamanho e peso do animal, ele pode ir com você, como "bagagem de mão". No meu caso, eles foram no compartimento de cargas do avião.
Para o embarque no compartimento de carga é necessário que cada animal seja alojado em uma caixa padrão Kennel, conforme as medidas do animal. Eles devem ter à disposição água e comida suficientes para o período da viagem.

 

Modelo de caixa padrão kennel

Os meus viajaram de Lufthansa, com escala em Frankfurt e foram muito bem cuidados durante todo o trajeto.

Bem, chegando aqui, a saga ainda não acabou. Os cães na Suíça devem ser registrados na prefeitura, onde pagamos um imposto anual por cachorro. Na prefeitura da minha cidade recebi um pingente com um número de identificação, que deve ser anexado à coleira.


Pingente obrigatório

Também, logo que eles chegam (agora não só os cães, mas os gatos também), devem ser levados ao veterinário local que deve checar a vacinação conforme as exigências do país e fazer o registro do animal (através do número do microchip) no banco de dados Suíço. O veterinário também emite um passaporte para cada animal, que devemos carregar em cada viagem.
Feito isso, tudo certo!
É recomendável que o seu cachorro esteja incluso no seguro da casa (depois eu coloco um post sobre os seguros recomendáveis aqui). Na minha cidade, a prefeitura me exigiu. O seguro cobre algum dano que seu animal possa vir a causar a algo ou a alguém.
Lembrem-se sempre da boa educação ao passear com o seu cão pela Suíça! Aqui temos lixeiras e sacolinhas espalhadas pela cidade para recolhermos o cocô do nosso cão. O imposto que pagamos serve para isso basicamente.

Eu prefiro não sair de casa sem os saquinhos, que já ficam anexados na guia.

Guia com saquinhos para compostagem

Animais em geral são muito bem vindos na Europa e eles podem entrar em muitas lojas, restaurantes e também usar o transporte público - desde que paguemos a taxa extra no ticket.
Boa viagem!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Indo para a Suíça - Passaporte e visto

Passaporte e Visto

Em viagens de turismo, com uma permanência não superior a 90 dias, não é exigido visto de entrada para o brasileiro. Lembrando que o passaporte deve ainda estar válido por pelo menos 6 meses .
Para moradia - imigração - deve ser solicitado visto de longa permanência  junto ao Consulado da Suíça no Brasil. O tipo do visto, assim como os documentos necessários para sua emissão dependerão do motivo da mudança (trabalho, estudo, reagrupamento familiar, etc). Mais informações em: http://www.eda.admin.ch/eda/pt/home/reps/sameri/vbra/ref_visinf/vissao.html#ContentPar_0012
Deve-se ficar atento aos prazos, pois o visto pode demorar de 45 a 90 dias para ser emitido. Após a emissão desse visto no passaporte, há ainda um prazo para entrar no país e um prazo para registrar-se na prefeitura de onde irá morar e no cantão (estado), para que seja então emitido o visto de permanência.
O visto de permanência é representado por um cartão, que é a nossa "identidade na Suíça". Observar sempre o prazo para a renovação.
Aqui, eu tive a assessoria de uma agência especializada em expatriação, por conta da empresa que nos trouxe, mas, se você não tiver essa ajuda, pergunte TUDO no Consulado antes de vir.
Site do Consulado da Suíça no Brasil: http://www.eda.admin.ch/eda/en/home.html

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

As Duas Pulgas ( por Max Gehringer)



"Muitas empresas caíram e caem na armadilha das mudanças drásticas de coisas que não precisam de alteração, apenas aprimoramento.
O que lembra a história de duas pulgas:
Duas pulgas estavam conversando e então uma comentou com a outra:
- Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar.
Daí nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.
Elas então contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de reengenharia de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra:
- Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente.
Elas então contrataram o serviço de consultoria de uma abelha, que lhes ensinou a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu… A primeira pulga explicou por quê:
- Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez.
E então um pernilongo lhes prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos… Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar.
Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha, que lhes perguntou:
- Ué, vocês estão enormes! Fizeram plástica?
- Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento.
- E por que é que estão com cara de famintas?
- Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar. E você?
- Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia.
Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer, e perguntaram à pulguinha:
- Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em uma reengenharia?
- Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora.
- Mas o que as lesmas têm a ver com pulgas. quiseram saber as pulgonas….
- Tudo.
Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o cachorro e então ela me disse: “Não mude nada.. Apenas sente no cocuruto do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança”.

MORAL: Você não precisa de uma reengenharia radical para ser mais eficiente. Muitas vezes, a GRANDE MUDANÇA é uma simples questão de observação."

Texto de Max Gehringer.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Quanto mais sua consciência aumenta, mais seu lixo diminui

Nunca tinha reparado na quantidade de lixo que somos capazes de produzir em tão pouco tempo... até vir pra cá.




Na Suíça o descarte do lixo é extremamente rigoroso. A separação do tipo de resíduo é feita por nós, em casa. Mas não se trata de amontoar papel, plástico e metal, não. A separação deve ser detalhada. Por exemplo, devemos ter um local para armazenar separadamente cada um dos resíduos abaixo:

· Resíduos orgânicos
· Papel limpo e não picado
· Papelão limpo e não revestido
· Metal (latas em geral)
· Vidro branco
· Vidro verde
· Vidro marrom
· PET
· Óleo de cozinha ou de automóvel
· Isopor
· Lâmpadas
· Medicamentos
· Baterias e pilhas
· Demais resíduos = lixo comum

Além disso, para cada tipo de resíduo, há uma data e um local certos para coleta.

Se fazemos a separação de forma errada (colocando um papel sujo com resíduo de óleo, por exemplo, na pilha de papéis), podemos ser multados.

Além disso, pagamos uma taxa para o lixo gerado, que depende do tipo e da quantidade.

Em minha cidade, pago aproximadamente 7 reais para cada 35 litros - ou até 5kg - de lixo comum. A tarifa do lixo orgânico é parecida.

Pagamos essa taxa ao comprarmos um adesivo no mercado, que deve ser anexado ao saco de lixo. Se seu saco de lixo não estiver com o tal adesivo, ele simplesmente não é recolhido.


Saco de 35L de lixo comum com os impostos devidamente pagos  

As orientações de separação e coleta, assim como o valor do imposto por lixo varia conforme o município. Ao chegarmos para morar aqui, temos que nos registrar na prefeitura do município em que vamos residir e, nessa ocasião, recebemos um manual sobre como devemos agir na cidade - incluindo um manual sobre o descarte de resíduos.

Aqui na cidade onde moro, por exemplo:

· O lixo comum e o lixo orgânico são recolhidos 1 vez por semana e devem ser colocados na rua, em frente de casa nesse dia. Devemos nos atentar à hora, pois podemos perder a coleta e ter de esperar até a semana seguinte... Apesar de ser uma tentação, não podemos colocar nosso lixo na rua na noite anterior à coleta, o jeito é levantar cedo mesmo...

· Já o papel, papelão e isopor são recolhidos - aqui em minha cidade - a cada 3 meses! Não podemos perder essa data de jeito nenhum!

· As PETs, as latas, os vidros e as pilhas podem ser levados de volta ao supermercado e colocados em recipientes próprios para coleta.

· A coleta dos demais resíduos é ainda mais restrita e com mais particularidades ainda.


Ou seja, não é fácil. Mas nos faz pensar no quanto consumimos e - incrível! - nos faz consumir menos, ou mais racionalmente. Dá resultado! Com o tempo se torna automático.

Observei que a nossa quantidade de lixo semanal já foi reduzida. Ao irmos às compras, observamos as embalagens de absolutamente TUDO o que compramos. Se tem embalagem desnecessária não compramos, pois o descarte será muito mais trabalhoso.

Teria sido melhor se eu não tivesse que vir pra cá para começar a pensar melhor nisso.

Comecem a observar o lixo que produzem em um dia, tentem procurar na internet para onde ele vai em seu município. Na próxima visita ao supermercado, leve sua sacola retornável - mesmo que isso ainda não seja obrigatório em sua cidade - e compare as embalagens dos produtos que compra, faça opções conscientes. Multiplique esse hábito. O mundo vai te agradecer.



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Redescobrindo utilidades, em busca da boa saúde mental - mesmo sem emprego

Nesse primeiro mês de expatriação vivemos ainda fora da rotina. Há muito por fazer. Temos uma casa inteira pra montar e remontar, um novo idioma a aprender, lugares novos a descobrir. Aos poucos, tudo vai entrando nos eixos.
No entanto, um conflito começa a perturbar: deixei meu trabalho lá... E agora?
Apesar de ser um conflito muito pessoal, tenho certeza de que há mais mulheres e maridos que já passaram ou vão passar por isso.

Antes de me mudar pra cá, tinha a rotina normal de qualquer trabalhador empregado: trabalhava muito, vivia agitada para dar conta do volume de coisas, ansiosa para sempre conseguir encontrar a melhor solução para os problemas e com um cansaço tão frequente que me impedia até de encontrar os amigos mais queridos. Meu jeito... Para quem ama muito seu trabalho, isso não deve ser um problema. Mas para mim meu trabalho nunca foi exatamente uma paixão.
Hoje me sinto mais feliz, mais livre, sinto até que voltei a pensar... Sim! Tenho a impressão que o excesso de trabalho aos moldes do que eu tinha antes ocupava todos os campos da minha cabeça, não deixando espaço para reflexões simples porém necessárias sobre a vida. Tudo por conta da minha - não culpo o emprego, que era bom -  dificuldade de apertar o Off.
Então... Por que isso agora?
Acho que porque sei que as pessoas são valorizadas e admiradas pelo seu emprego ou pela posição que ocupam no mercado. Talvez medo de ser visto como um ser inútil, acomodado. Meu temperamento não suportaria isso.
Mas, se formos observar, tendemos a confundir trabalho com emprego. O trabalho é o uso das nossas habilidades físicas ou intelectuais para produzir ou transformar algo. Já o emprego é a relação de troca, da troca de um serviço (trabalho) por uma remuneração, nos dando um cargo e um salário.
Conheço pessoas com cargo e salário importantes e que são com-ple-ta-men-te inúteis para a sociedade por produzirem apenas pensando em seu próprio bem-estar financeiro. Conheço também pessoas que não possuem cargo e (muito menos) salário, mas que conseguem ajudar e contribuir com a comunidade de forma sem igual. Não é um julgamento, apenas uma constatação de que um emprego de renome não necessariamente contribui mais para a humanidade do que um ato, idéia ou exemplo de alguém bem intencionado.
Partindo daí, o que de fato deve ser valorizado, o trabalho ou o emprego? A questão não é ter um emprego - ou não. Mas sim se produzimos e contribuímos para algo maior - ou não!
"Lieben und arbeiten". É dito que essa foi a resposta de Freud ao ser perguntado sobre o que uma pessoa deveria ser capaz de fazer bem. Ou seja, para Freud, uma pessoa tem boa saúde mental quando ela é capaz de amar e de trabalhar.
Amar no sentido de compartilhar, de se entregar, de reconhecer e ser reconhecido. Trabalhar no sentido de ser criativo, produtivo, útil.
Se amamos e não criamos, não produzimos, nos sentimos inúteis e infelizes. Em contrapartida, se trabalhamos a ponto de não termos tempo para amar, nossa vida então é inútil e nós, também infelizes.
Nos dias de hoje, com o status corporativo sendo mais valorizado que o amor e o trabalho, temos um cenário de saúde mental em declive. Vejo aqui na vida de muitos expatriados, exemplos de maridos enfurnados em escritórios, incapazes de amar e compartilhar da "vida exterior" e mulheres enfurnadas em suas novas casas, intimidadas pelo novo idioma, com pensamento fixo na falta do arroz com feijão e incapazes de uma produção criativa, mesmo que isenta de um cargo e salário.
Pode ser esse o bicho-papão das famílias expatriadas: uns com tanto trabalho, outros com tão pouco...
Conseguimos nos livrar dele se pudermos enxergar a tênue linha que equilibra amor e trabalho, que nos faz sermos verdadeiramente úteis e que faz com que nossa saúde mental permaneça em níveis aceitáveis.
Espero que eu e todos os outros que vivem essa situação consigamos enxergar essa linha - e vivenciá-la!
Nós, expatriados, temos sorte, pois temos a chance que poucos têm de rever nossas vidas, nossos objetivos e mudar a rotina. Podemos nos tornar úteis e criativos de forma não convencional.
Vamos aproveitar, aprender, produzir e compartilhar!
Pensando assim, conflito resolvido.