sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Bom Natal o ano todo


Logo que se inicia o mês de novembro as vitrines das lojas já se enchem de guirlandas, luzes e neve fajuta (fajuta aqui, abaixo do Equador).
Muitos já começam a pensar em gastar parte do décimo terceiro salário em uns dias de festas em família ou amigos, o que inclui presentes, comidas, bebidas e uns dias de folga. Merecidos.
O Natal de muita gente se resume a isso. Independente de crença religiosa, classe social ou disposição, é notório que grande parte das pessoas - se não a maioria - segue rituais sem qualquer sentimento real e consciente envolvido. Outros, no entanto, resolvem apenas ignorar tudo, por achar tratar-se de "imposição da mídia".
Vendo tudo isso, ano após ano, eu me pergunto: o que é o Natal, de verdade?? É que, sabe, eu nunca fui adepta a rituais, a seguir condutas porque-todo-mundo-faz, mas eu sempre gostei do Natal. Acho que essa época traz uma certa magia, aquela de que passamos longe na dura realidade cotidiana, mas que tanto nos faz falta.
Observe. Não é uma questão de religião ou de comércio. As pessoas ficam mais leves nessa época do ano. Só de sair do trabalho e ver as ruas cheias de luzes, já podem esboçar um sorriso que, sem esse estímulo, não seria exibido facilmente. Muitos tiram férias, relaxam, repensam suas rotinas, encontram pessoas que não vêem com frequência, fazem planos - sempre planos - de melhorias para o próximo período que se inicia.
Acredito que o padrão de pensamento das massas muda para melhor nessa época, se eleva. O "clima" fica mais fraterno, mais solidário. E isso é bom, ajuda a nos trazer paz. Paz para o mundo.
Historicamente não se consegue saber exaaaatamente como surgiu o Natal e todos os seus símbolos agregados, tal como conhecemos hoje. Mas muitos indícios convencem historiadores a relacionar sua origem à um festival pagão realizado na Roma Antiga, chamado Saturnália.
Essa era uma festa realizada no início do inverno (lá por meados de dezembro, no hemisfério norte) em homenagem ao deus Saturno e celebrava o fim do ano agrário (ele era o deus da agricultura, que tinha importante papel naquele império) e representava a transição de um ano "velho" para um ano "novo". Então, uma festa cheia de simbologia de expectativas, memórias de anos abundantes e esperança.

A Saturnália era muito popular, deviam ser dias alegres. Durante os dias de festejo havia certo censo de igualdade, pois os escravos podiam vestir togas e falar livremente com seus senhores. Faziam-se sacrifícios, banquetes, decoravam pinheiros e era costume visitar amigos e trocar presentes, que poderiam vir acompanhados de cartões com mensagens dedicatórias.
Com a chegada do cristianismo ao Império Romano, a Igreja tentou cristianizar os festivais pagãos, com a finalidade de converter novos fiéis. Sendo assim, historiadores pensam ser possível que esse festival tenha sido adaptado pela Igreja por volta dos séculos III e IV d.C. e passado a comemorar o nascimento de Jesus Cristo (que, na verdade deve ter nascido aproximadamente entre VII e II a.C. - e não no inverno!), em data estipulada simbolicamente de 25 de dezembro.
Desde então, por atingir diversas culturas e por encontrar lendas por onde passa, simbologias têm sido agregadas à essa festividade agora cristã, assim como a Árvore de Natal e o Papai Noel.

Um símbolo deve, por definição, representar algo, mesmo que abstrato, como uma idéia. Sendo assim, se não entendemos o significado dos símbolos natalinos, essa data fica espiritualmente vazia, enquanto consegue incrivelmente lotar shopping centers.
E assim é o nosso Natal de hoje: uma data inventada, aproveitada, cheia de símbolos que não entendemos, com uma estranha solidariedade pontual e deslocada, além das lindas vitrines que nos tentam.
Esse Natal das convenções não é o Natal que eu gosto. Prefiro o meu Natal. O Natal mágico, em que todos são iguais - como na Saturnália pagã. Aquele que as luzes trazem inspiração, aquele que nos deixa mais sensíveis e solidários por amor, aquele em que dar um presente traz mais prazer do que receber, que te leva a se deliciar em dedicar 10 minutinhos do seu dia para agradar alguém especial. E, mais ainda: que faz enxergarmos todos como especiais.
Ainda assim, se esse Natal durar apenas o período do solstício de inverno do hemisfério norte (ou o solstício de verão do nosso hemisfério), estamos perdidos... O mundo continuará perdido. As crianças dos orfanatos continuarão recebendo atenção somente no final do ano, os idosos dos asilos serão lembrados e presenteados com doações em dezembro, mas em março, estarão novamente no esquecimento.
O meu Natal precisa durar o ano todo. E o esforço para isso deve ser todo meu.

Meus votos para esse fim de ano é que todos possam ter um Natal especial dentro de vocês que dure o ano todo e que os seus planos de melhoria de Ano Novo não se resumam a planos, mas a esforços.

Boas festas...
E que o espírito natalino te acompanhe o ano todo, por toda sua vida!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Quem tem boca vai à Roma. E quem tem olhos, observa.

Minhas observações sumiram do blog por um tempo e sem aviso pois fui tirar umas férias, observar o mundo por aí. Valeu a pena.
Nesse período consegui passar 2 dias e meio (exatos) em Roma, na Itália. Roma é um paraíso para quem gosta de história antiga. E, se você se encaixa nesse grupo, 2 dias e meio vai ser pouco pra você.
A vantagem é que as principais atrações como monumentos arqueológicos, praças, museus são facilmente "caminháveis", ou seja, dá pra fazer muita coisa a pé. Se cansar, o metrô pode ajudar.
E por falar em metrô, há uma estação chamada Colosseo, bem em frente ao Coliseu.  A emoção de subirmos as escadas do metrô em direção à saída e avistar o Coliseu do outro lado da rua é indescritível. É uma excelente pedida para começar a explorar Roma.

Como a Roma de hoje está localizada bem em cima da Roma antiga, os romanos não precisam cavucar muito pra encontrar algo de seus antepassados. Aliás, isso é algo muito interessante de se observar: os romanos são tão habituados com partes do antigo Império Romano surgindo da terra que é frequente encontrarmos pedaços de colunas preenchendo espaços de tijolos em ruas e muros.
Devo dizer que em Roma me senti um pouco em casa. Bem diferente do norte da Europa, já sabemos que os romanos falam alto e gesticulam muito. Isso é verdade. Também é verdade que quase todos andam de lambretas e são, em geral, muito elegantes - homens e mulheres. São também (muito) impacientes, portanto, se não quiser que o garçom se irrite com você, trate de decidir seu pedido logo!

O trânsito é um pouco caótico - não chega nem perto do trânsito marroquino - mas você não pode considerar que está na Europa e simplesmente atravessar a rua sem sequer dar uma olhadinha. Lá você precisa sinalizar que quer atravessar e ainda dar umas duas ou três ensaiadas para que os carros finalmente parem. Lembre-se sempre: eles costumam ser impacientes. Mas são divertidos!


A comida é muito boa! Muuuito boa! Além de massas e pizzas, você também come ótimos pratos de peixes e frutos do mar. Além dos clássicos sorvetes italianos.
Também é interessante visitar os diversos antiquários que encontramos por lá. São como pequenos museus, com peças de todos os tipos, incluindo peças arqueológicas! Lá você pode comprar uma moeda original do império romano pela bagatela de 2.000 Euros. É caro, mas pode. Há alguns antiquários ao caminhar pela Via Condotti, uma rua linda, famosa por suas lojas de grifes chiques, próximo da Piazza di Spagna.
Antes de ir, não foi tão fácil achar dicas para 2 dias, contendo os principais pontos da cidade e ainda com algumas dicas da história (não é legal saber o que aconteceu lá, ou quem das nossas aulas de história passou por ali???). Então, vou deixar aqui mais ou menos o que fizemos nesses 2 dias e meio, caso alguém precise.
Guia para 2 dias e meio em Roma


Mapa que usamos, extraído de um guia comprado bem na frente do Coliseu (ROME AND THE VATICAN 2001-2011. Publicado por Lozzi Roma). Os hotéis também podem fornecer bons mapas.
 

Dia 1:
Em nosso roteiro ultra-fast começamos pelo Coliseu, pois o hotel que ficamos era bem próximo de lá, uma ótima opção.
 Caminhando poucos metros na Via dei Fori Imperiali (na saída do metrô Colosseo) há muito o que ver:
Detalhe do mapa contendo a Via dei Fori Imperiali. Também retirado do guia.
·         Coliseu: certamente a construção mais famosa de Roma, foi construído em 72 d.C. por ordens do então imperador Vespasiano. Levou 8 anos para ficar pronto e foi sede de massacre de gladiadores, cristãos e animais para diversão do povo. Hoje é aberto ao público, sendo necessário pagar para entrar (em 2011, 12 Euros por pessoa, incluindo acesso ao Coliseu, Foro Romano e Palatino). Apesar de partes do edifício terem sido danificadas por terremotos e incêndio, ainda conseguimos sentir a sua grandiosidade. É uma pena vermos sinais de depredação em suas rochas, feitos ainda nos dias de hoje, como escritos e pequenas pichações, como se alguns visitantes quisessem marcar sua triste presença. Por isso fiquei feliz quando o governo italiano anunciou obras de restauração do Coliseu em 2012 (atenção: os trabalhos devem começar entre março e junho e devem durar entre 24 e 36 meses, durante os quais o monumento permanecerá aberto normalmente aos visitantes).


Coliseu visto de fora


Coliseu por dentro

·         Arco de Constantino: bem ao lado do Coliseu, é um lindo arco triunfal datado de 315 d.C., para comemorar a vitória do Imperador Constantino contra Maxêncio, em batalha para o controle da metade ocidental do império romano.


Arco de Constantino à esquerda e início da Via Sacra à direita

·         Fórum Romano: os apreciadores de história podem se deliciar. Onde hoje vemos ruínas, era o coração da Roma Antiga, onde encontravam-se templos, lojas, praças e a Cúria (a sede do Senado). Poucos sabem, mas ali, bem ali, vivia o grande conquistador Júlio Cesar, que veio a se tornar Ditador de Roma e sacerdote, antes de ser morto.  Ali também encontramos o local exato onde Júlio Cesar foi cremado após sua morte. Ainda hoje pessoas deixam flores no local. O Fórum Romano era atravessado pela Via Sacra, rua por onde passavam os cortejos de triunfo até ao Capitólio. Em uma ponta da Via Sacra, mais próximo do Coliseu, está o Arco de Tito, construído em 81 d. C. para celebrar a tomada de Jerusalém Na outra ponta da mesma via, mais próximo da Cúria, está o Arco de Sétimo Severo. Também no Fórum estava o Templo de Vesta, um ponto muito importante para a sociedade da época, onde as Virgens Vestais (sacerdotisas) mantinham sempre aceso o fogo sagrado, que representava o lar doméstico, centro e fonte de vida do poder romano.


O que vemos hoje no Fórum Romano. Fonte: ROME AND THE VATICAN 2001-2011. Publicado por Lozzi Roma


Reprodução de como o Fórum Romano era na época imperial.
Fonte: ROME AND THE VATICAN 2001-2011. Publicado por Lozzi Roma


Local onde Julio Cesar foi cremado
·         Mercado de Trajano: ainda na Via dei Fori Imperiali, mas do lado oposto ao Fórum Romano, vemos as ruínas desse mercado, que abrigava o centro administrativo e comercial da época do império de Trajano.


Mercado de Trajano

·         Coluna de Trajano: próximo ao mercado de mesmo nome, essa coluna branca contém inscrições acerca da vitória contra os Dácios.

·         Vittoriano: no lado oposto à Coluna de Trajano esse monumento se impõe pela sua grandeza e beleza, apesar de bem mais moderno. Foi construído entre 1885 e 1911, em homenagem a independência Italiana. Neste ponto acaba a Via dei Fori Imperiali e começa a Via del Corso, uma rua cheia de restaurantes e lojas.
Vittoriano
Atrás do Vittoriano está o Capitólio, destino dos desfiles triunfais da Roma antiga. Hoje abriga a prefeitura da cidade. Lá encontramos o Museu do Capitólio, que vale a pena ser visto. Nesse museu encontram-se alguns bustos famosos, como o de Júlio Cesar e de Caracalla. Na praça do Capitólio, que foi desenhada por Michelângelo, há uma réplica de Marco Aurélio em seu cavalo. A peça original encontra-se no museu.

Capitólio e a réplica da estátua de Marco Aurélio em seu cavalo
O famoso busto de Julio Cesar, no Museu do Capitolio
Seguindo pela Via del Corso, com 2 pequenos desvios visitamos:
·         Fontana di Trevi, a mais famosa fonte de Roma, abastecida com águas dos antigos aquedutos. Há uma tradição de se jogar uma moedinha na fonte, de costas para ela, como forma de garantir seu retorno à cidade.

Fontana di Trevi
·         Piazza Di Spagna, com uma bela vista da cidade do alto das suas escadarias. É comum estar cheia, pois é frequentemente ponto de encontro de jovens. Lá encontramos a igreja  Trinità dei Monte, de 1495 e também, um obelisco egípcio datado de cerca de 590 a.C..

Igreja Trinita dei Monte e obelisco egípcio, na Piazza di Spagna

Voltamos pela badalada Via Condotti para a Via del Corso e seguimos para a Piazza del Popolo, não sem antes fazer um pequeno desvio - agora à esquerda - para ver o Mausoléu de Augusto (ou imperador Otaviano, herdeiro de Julio Cesar e primeiro imperador de Roma. O mausoléu fica dentro de um prédio, ou pequeno museu, de arquitetura moderna. Do lado de fora é possível ver parte do mausoléu pelas janelas de vidro.
Se você não entrar no museu, o máximo que verá do Mausoléu de Augusto será isso
Piazza del Popolo é enorme, contém as igrejas "gêmeas" Santa Maria in Montesanto e Santa Maria dei Miracoli e, bem ao centro, um grande obelisco também egípcio, originário de Heliópolis e construído por ninguém menos que Seth I e seu filho Ramsés II (!!!), que fora trazido por Otaviano Augusto no ano 10 a.C. para adornar o Circus Maximus.

Piazza del Popolo

Detalhe do obelisco da época de Ramsés II
Dia 2:
No segundo dia fomos logo cedo para o Vaticano, de metrô. Lá, visitamos a famosa Basílica de São Pedro, onde deve ser visto, no mínimo, o Baldacchino com suas colunas em espirais retiradas do Panteão, a Pietá de Michelângelo e o Domo superior da Basílica, também obra de Michelângelo. Se der sorte, você pode encontrar o Papa por ali.

Basílica de São Pedro e o Domo de Michelângelo

Baldacchino, no interior da Basílica de São Pedro

O Domo de Michelângelo, visto por dentro da Basílica de São Pedro
A Piazza San Pietro, em frente à basílica, também é adornada por um obelisco egípcio de origem desconhecida.
O Museu Vaticano vale a pena ser visto. Mas é enorme, então, controle seu tempo. Nesse museu encontra-se a Capela Sistina, cujo teto abriga as famosas pinturas de Michelângelo, como a Criação de Adão. Cuidado, lá não é permitido tirar fotos! Se você tiver pouco tempo, há um atalho dentro do próprio museu que te leva direto à Capela Sistina. Mas se tiver tempo, vale a pena pegar o caminho mais longo.


Teto da Capela Sistina, foto da internet

Voltamos para Roma a pé, pela Via della Conciliazione e avistamos o Castelo de Santo Ângelo, às margens do rio Tevere. Ele foi construído a partir do ano 139 e na época medieval foi uma importante fortaleza pertencente aos Papas. Também serviu também como prisão na época dos movimentos de unificação da Itália, no século 19.
Castelo de Santo Ângelo
Ponte de Santo Ângelo

Atravessamos o rio em direção ao centro de Roma pela Ponte de Santo Ângelo. Seguimos em direção à Piazza Navona, para um bom almoço em um de seus restaurantes. Na época do Império, esse era o local do Estádio de Domiciano, onde haviam corridas de cavalos e simulavam até batalhas navais.
Nessa praça hoje vemos, além das 3 fontes - de Fiumi,  Moro e Nettuno - diversos artistas vendendo suas pinturas. A maior parte é composta de pinturas em aquarelas que retratam as paisagens e monumentos de Roma e digo que vale a pena pagar 10 ou 20 Euros pelo menos em uma. O obelisco em seu centro, apesar de parecer, não é original egípcio. Trata-se de uma cópia romana.

Piazza Navona

Piazza Navona
Para um sorvete vale a pena fazer um pequeno desvio até o Campo dei Fiori, uma pequena praça próximo à Piazza Navona. Lá há uma estátua de em homenagem ao filósofo Giordano Bruno, que fora queimado vivo naquele local por ter sido considerado herege pela igreja católica.
Seguimos para o Panteão (Pantheon), que é o único edifício da Roma Antiga que encontra-se ainda hoje em perfeito estado de conservação. Ele foi construído em 27 a.C. pelo cônsul Marco Agrippa (nome visto ainda hoje inscrito na entrada do prédio) e reconstruído em 125 d.C. pelo imperador Adriano, após ter sido destruído em um incêndio em 80 d.C. Ele sempre serviu para fins religiosos. No início, era um templo para os  deuses do Panteão Romano e desde o século VII é um templo cristão. O obelisco em frente ao Panteão é da época de Ramsés II e adornava o Templo de Isis.

Panteão

O próximo destino é o Largo Argentina, onde encontramos, além de muitos gatos tirando uma soneca ou procurando alguém que os alimente, algumas ruínas da época da República Romana, como o Pórtico de Pompeu. É um lugar que não costuma ser muito cheio de turistas, possivelmente por não saberem o real significado do local. Julio César foi assassinado lá. Muitos pensam que ele foi assassinado na sede do Senado, que está lá no meio das ruínas do Fórum Romano, mas, naquele fatídico dia dos Idos de Março de 44 a.C. o senado romano se reuniu no Pórtico de Pompeu, pois o prédio do senado estava em reforma, pois havia sido incendiado. Dessa forma, é incrível imaginar que Júlio César falou - se é que falou mesmo - "Até tu, Brutus?" nesse local tão fácil de visitar mas tão ignorado por todos.
Pórtico de Pompeu, no Largo Argentina, onde Júlio César foi assassinado
Saindo de lá, caminhamos em direção ao rio novamente para darmos uma passada rápida no bairro judeu Guetto, passamos pela Sinagoga e seguimos para dar uma olhada na Isola Tibertina, uma pequena ilha em formato de barco no meio do rio Tevere. A ilha abrigava o Templo de Esculápio, onde hoje encontramos a Igreja de São Bartolomeu.
Isola Tibertina
Já está acabando o dia e voltamos para o hotel passando pelo Teatro Marcello, um teatro ao ar livre que fora inaugurado pelo Imperador Augusto (Otaviano) em 12 a.C..
(Meio) Dia 3:
No último dia, como tínhamos a manhã livre, pegamos um taxi (já não dá pra ir a pé) e fomos conhecer a Via Appia Antiga e as Catacumbas.
A Via Appia Antiga foi uma das primeiras e mais importantes estradas de Roma ("todos os caminhos levam a Roma"...) e permanece com trecho muito bem conservado. Sua construção foi iniciada em 312 a.C. e ao longo da Via Appia haviam tumbas onde eram enterrados os patrícios. Também era comum as crucificações (uma pena de morte comum na Roma Antiga) acontecerem ao longo da Via Appia. O famoso gladiador revoltoso Espartaco e seus homens foram crucificados lá. 
Via Appia Antiga
As famosas catacumbas eram cemitérios cristãos que ficavam ao redor da Via Appia. A maior delas é a de São Callisto, famosa por ter sido o primeiro cemitério cristão. Ela contém criptas dos Papas do século 3 e também a cripta de Santa Cecília.
Entrada para as Catacumbas de San Callixto
Na ponta da Via Appia há as Termas de Caracalla, que merece ser visto, mas não tivemos tempo.
Há muito mais para ser visitado em Roma, mas esse é um roteiro ninja pra quem não dispõe de muito tempo lá. Além dos monumentos todos e igrejas, Roma tem mais de 150 museus!! Se você gostar de ir mais fundo na história e tiver mais tempo para essas visitas, pode selecionar alguns museus e outros monumentos não mencionados aqui para o seu roteiro na página da cidade de Roma: http://www.turismoroma.it/?lang=en.
Arrivederci!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Indo para a Suíça e levando animais de estimação


Eu tenho um cachorro de pequeno porte e um gato de estimação. Para trazê-los para a Suíça, foi preciso seguir alguns procedimentos de importação. Esses procedimentos são detalhados e com prazos bastante rigorosos. Por isso, deve-se ter muita atenção, sob pena de não conseguir embarcar seus animais.
Primeiro, os animais devem estar com a vacina anti-rábica em dia, saudáveis e devem ser microchipados, para identificação.

Feito isso, deve ser colhida sorologia anti-rábica (é um exame de sangue que detecta se o animal possui as defesas imunológicas contra a raiva). O resultado desse exame deve ser emitido por um laboratório reconhecido pela  União Européia - UE (apesar da Suíça não fazer parte da UE, ela segue os mesmos padrões para importação de animais). No meu caso, o sangue foi colhido com a própria veterinária dos animais e ela mesma enviou o material ao Laboratório Pasteur em São Paulo. O resultado fica pronto em 20 dias, em média.
Se o resultado do exame estiver de acordo com o recomendado pela UE, os animais devem esperar 90 dias a partir da data da COLETA do exame para estarem aptos a embarcar.
Além disso, para entrada do animal na Suíça, é necessário que eles tenham um certificado do FVO (Federal Veterinary Office). Para isso, é preciso enviar os documentos dos animais (certificado da microchipagem, carteira de vacinação, resultado da sorologia anti-rábica e atestado de saúde) ao FVO 3 semanas antes do embarque.
A boa notícia é que a Suíça não exige quarentena, ou seja, assim que seus animais desembarcarem, eles já poderão ir para casa!

A Suíça não permite a importação de animais com orelhas ou rabos cortados.
Por conta dos prazos e dos detalhes, eu acabei contratando uma empresa especializada em transporte internacional de animais. Há várias no Brasil. O serviço não é barato, mas vale a pena.
Para o vôo, devemos ainda seguir as exigências da Cia. Aérea. Dependendo do tamanho e peso do animal, ele pode ir com você, como "bagagem de mão". No meu caso, eles foram no compartimento de cargas do avião.
Para o embarque no compartimento de carga é necessário que cada animal seja alojado em uma caixa padrão Kennel, conforme as medidas do animal. Eles devem ter à disposição água e comida suficientes para o período da viagem.

 

Modelo de caixa padrão kennel

Os meus viajaram de Lufthansa, com escala em Frankfurt e foram muito bem cuidados durante todo o trajeto.

Bem, chegando aqui, a saga ainda não acabou. Os cães na Suíça devem ser registrados na prefeitura, onde pagamos um imposto anual por cachorro. Na prefeitura da minha cidade recebi um pingente com um número de identificação, que deve ser anexado à coleira.


Pingente obrigatório

Também, logo que eles chegam (agora não só os cães, mas os gatos também), devem ser levados ao veterinário local que deve checar a vacinação conforme as exigências do país e fazer o registro do animal (através do número do microchip) no banco de dados Suíço. O veterinário também emite um passaporte para cada animal, que devemos carregar em cada viagem.
Feito isso, tudo certo!
É recomendável que o seu cachorro esteja incluso no seguro da casa (depois eu coloco um post sobre os seguros recomendáveis aqui). Na minha cidade, a prefeitura me exigiu. O seguro cobre algum dano que seu animal possa vir a causar a algo ou a alguém.
Lembrem-se sempre da boa educação ao passear com o seu cão pela Suíça! Aqui temos lixeiras e sacolinhas espalhadas pela cidade para recolhermos o cocô do nosso cão. O imposto que pagamos serve para isso basicamente.

Eu prefiro não sair de casa sem os saquinhos, que já ficam anexados na guia.

Guia com saquinhos para compostagem

Animais em geral são muito bem vindos na Europa e eles podem entrar em muitas lojas, restaurantes e também usar o transporte público - desde que paguemos a taxa extra no ticket.
Boa viagem!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Indo para a Suíça - Passaporte e visto

Passaporte e Visto

Em viagens de turismo, com uma permanência não superior a 90 dias, não é exigido visto de entrada para o brasileiro. Lembrando que o passaporte deve ainda estar válido por pelo menos 6 meses .
Para moradia - imigração - deve ser solicitado visto de longa permanência  junto ao Consulado da Suíça no Brasil. O tipo do visto, assim como os documentos necessários para sua emissão dependerão do motivo da mudança (trabalho, estudo, reagrupamento familiar, etc). Mais informações em: http://www.eda.admin.ch/eda/pt/home/reps/sameri/vbra/ref_visinf/vissao.html#ContentPar_0012
Deve-se ficar atento aos prazos, pois o visto pode demorar de 45 a 90 dias para ser emitido. Após a emissão desse visto no passaporte, há ainda um prazo para entrar no país e um prazo para registrar-se na prefeitura de onde irá morar e no cantão (estado), para que seja então emitido o visto de permanência.
O visto de permanência é representado por um cartão, que é a nossa "identidade na Suíça". Observar sempre o prazo para a renovação.
Aqui, eu tive a assessoria de uma agência especializada em expatriação, por conta da empresa que nos trouxe, mas, se você não tiver essa ajuda, pergunte TUDO no Consulado antes de vir.
Site do Consulado da Suíça no Brasil: http://www.eda.admin.ch/eda/en/home.html

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

As Duas Pulgas ( por Max Gehringer)



"Muitas empresas caíram e caem na armadilha das mudanças drásticas de coisas que não precisam de alteração, apenas aprimoramento.
O que lembra a história de duas pulgas:
Duas pulgas estavam conversando e então uma comentou com a outra:
- Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar.
Daí nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.
Elas então contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de reengenharia de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra:
- Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente.
Elas então contrataram o serviço de consultoria de uma abelha, que lhes ensinou a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu… A primeira pulga explicou por quê:
- Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez.
E então um pernilongo lhes prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos… Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar.
Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha, que lhes perguntou:
- Ué, vocês estão enormes! Fizeram plástica?
- Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento.
- E por que é que estão com cara de famintas?
- Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar. E você?
- Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia.
Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer, e perguntaram à pulguinha:
- Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em uma reengenharia?
- Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora.
- Mas o que as lesmas têm a ver com pulgas. quiseram saber as pulgonas….
- Tudo.
Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o cachorro e então ela me disse: “Não mude nada.. Apenas sente no cocuruto do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança”.

MORAL: Você não precisa de uma reengenharia radical para ser mais eficiente. Muitas vezes, a GRANDE MUDANÇA é uma simples questão de observação."

Texto de Max Gehringer.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Quanto mais sua consciência aumenta, mais seu lixo diminui

Nunca tinha reparado na quantidade de lixo que somos capazes de produzir em tão pouco tempo... até vir pra cá.




Na Suíça o descarte do lixo é extremamente rigoroso. A separação do tipo de resíduo é feita por nós, em casa. Mas não se trata de amontoar papel, plástico e metal, não. A separação deve ser detalhada. Por exemplo, devemos ter um local para armazenar separadamente cada um dos resíduos abaixo:

· Resíduos orgânicos
· Papel limpo e não picado
· Papelão limpo e não revestido
· Metal (latas em geral)
· Vidro branco
· Vidro verde
· Vidro marrom
· PET
· Óleo de cozinha ou de automóvel
· Isopor
· Lâmpadas
· Medicamentos
· Baterias e pilhas
· Demais resíduos = lixo comum

Além disso, para cada tipo de resíduo, há uma data e um local certos para coleta.

Se fazemos a separação de forma errada (colocando um papel sujo com resíduo de óleo, por exemplo, na pilha de papéis), podemos ser multados.

Além disso, pagamos uma taxa para o lixo gerado, que depende do tipo e da quantidade.

Em minha cidade, pago aproximadamente 7 reais para cada 35 litros - ou até 5kg - de lixo comum. A tarifa do lixo orgânico é parecida.

Pagamos essa taxa ao comprarmos um adesivo no mercado, que deve ser anexado ao saco de lixo. Se seu saco de lixo não estiver com o tal adesivo, ele simplesmente não é recolhido.


Saco de 35L de lixo comum com os impostos devidamente pagos  

As orientações de separação e coleta, assim como o valor do imposto por lixo varia conforme o município. Ao chegarmos para morar aqui, temos que nos registrar na prefeitura do município em que vamos residir e, nessa ocasião, recebemos um manual sobre como devemos agir na cidade - incluindo um manual sobre o descarte de resíduos.

Aqui na cidade onde moro, por exemplo:

· O lixo comum e o lixo orgânico são recolhidos 1 vez por semana e devem ser colocados na rua, em frente de casa nesse dia. Devemos nos atentar à hora, pois podemos perder a coleta e ter de esperar até a semana seguinte... Apesar de ser uma tentação, não podemos colocar nosso lixo na rua na noite anterior à coleta, o jeito é levantar cedo mesmo...

· Já o papel, papelão e isopor são recolhidos - aqui em minha cidade - a cada 3 meses! Não podemos perder essa data de jeito nenhum!

· As PETs, as latas, os vidros e as pilhas podem ser levados de volta ao supermercado e colocados em recipientes próprios para coleta.

· A coleta dos demais resíduos é ainda mais restrita e com mais particularidades ainda.


Ou seja, não é fácil. Mas nos faz pensar no quanto consumimos e - incrível! - nos faz consumir menos, ou mais racionalmente. Dá resultado! Com o tempo se torna automático.

Observei que a nossa quantidade de lixo semanal já foi reduzida. Ao irmos às compras, observamos as embalagens de absolutamente TUDO o que compramos. Se tem embalagem desnecessária não compramos, pois o descarte será muito mais trabalhoso.

Teria sido melhor se eu não tivesse que vir pra cá para começar a pensar melhor nisso.

Comecem a observar o lixo que produzem em um dia, tentem procurar na internet para onde ele vai em seu município. Na próxima visita ao supermercado, leve sua sacola retornável - mesmo que isso ainda não seja obrigatório em sua cidade - e compare as embalagens dos produtos que compra, faça opções conscientes. Multiplique esse hábito. O mundo vai te agradecer.